Assisti o filme "Her" e fiquei totalmente impactada, confusa e com mil questionamentos. Conversando com um amigo sobre isto. Ele me indicou Medianeras, disse que eram enredos semelhantes, então resolvi assistir. E putz!Outro impacto!
Como não poderia deixar de ser, vim aqui compartilhar com vocês, minha doce análise dessas obras.
Her (Ela), tem um nome tão simples quanto sua história. Aqui acompanhamos a história de Theodore(com uma interpretação magistral de Joaquin Phoenix), um escritor deprimido pela fim do seu casamento. Neste cenário ele adquire um sistema operacional com inteligência artificial, que organiza e-mails, dá conselhos, responde perguntas, suspira, e tudo mais, é quase humano. Envolvido neste cenário é quase que inevitável já imaginar a aproxinamação que Theodore terá com a máquina, visto seu estado atual.
Em Medianeras, temos as histórias de Martin um escritor fóbico que não sai de seu apartamento por nada, usa a internet para fazer tudo que precisa e Mariana que é uma arquiteta, que não tem grandes perspectivas em relação a sua profissão. Ambos tiveram frustrações amorosas.
Her em seu contexto levanta milhares de perguntas em quem o assiste, a solidão de Theo é tão grande que ele se apaixona por uma máquina, uma "mulher" que o compreende, organiza suas tarefas, o ouve, e o estimula. E o sistema operacional (com nome de Samantha), também "sente", ela quer essa vivência humana, o sabor de sentir. Não precisa nem falar que eles passam a viver como um casal, sem o contato físico.
O filme trata dessa forma singela e uma tanto esquisita, da solidão. Do que nos apegamos nesse momento, Theo tem com Samantha uma relação perfeita, ela concorda com tudo, e o incentiva em outros aspectos. Em uma relação de verdade, não se tem esta perfeição, as pessoas são diferentes, mudam, amadurecem, precisam se compreender, entender e divergências de opinião são normais. Em certo momento Samantha pergunta a Theodoro, como é ser casado e ele responde: - Era emocionante... Nós crescemos e mudamos juntos. Mas essa é a parte difícil, mudar sem assustar o outro. Nesta frase ele resume o fato de que sendo inevitável mudarmos, também é impossível ter uma relação perfeita. A qual ele se apegou com Samantha.
E a vontade de Samantha em ser humana, deixa o filme mais intrigante ainda, como Ariel desejando ter pernas, Samantha quer ter vida. O enredo nos leva a pensar, em como nos relacionamos? Fazemos por carência, por por solidão, por querer encontrar alguém perfeito que não discorde em nada?

Em Medianeras a solidão é vista de outro ponto, os dois personagens são vizinhos, mas nunca se conheceram, ambos vivem na solidão de seus problemas, conectados virtualmente, sem exercer humanidade social. Apesar de parecer que a tecnologia atual afasta as pessoas,como muitos podem enxergar no filme. Eu vejo mais que o se manter isolado, os afasta disso. Hoje sem viver "socialmente" a pessoa utiliza muito a tecnologia para distração,mas outrora não se utilizavam a televisão, os livros, o sono? Que seja desculpas para não ter essa convivência não faltariam desde os tempos primórdios. São pessoas solitárias que mesmo em meio a multidão não falariam com ninguém, a solidão é interna não externa. Até mesmo a internet atualmente junta pessoas de gostos comuns que talvez nunca se conheceriam. Mas Mariana e Martín mesmo tendo tudo em comum não iniciam uma conversa. Isto só mostra nossos tempos de solidão, falta de esperança, de atitude. Até o cartaz de Medianeras, ilustra uma multidão com um tanto de solidão!
O medo de arriscar pode dominar de tal forma a paralisar nossas atitudes, os filmes mostram bem isto. Arriscar uma relação de verdade e mais uma vez ser magoado, arriscar na vida, arriscar ao sair de casa sem saber se o dia será bom, arriscar arrumar um emprego que ame, arriscar, o viver é nada mais que arriscar, tentar, quebrar a cara e tentar novamente, até conseguir, até estar feliz. Uma vez eu li que felicidade é saber tirar o lado positivo de momentos ruins e saber sorrir na simplicidade, tudo que temos além disso são momentos de prazer, como uma viagem bacana, uma saída legal, são prazeres, porque não se vive somente disso. O que você tem no seu dia a dia é que deve te trazer a felicidade real. Esse medo de arriscar tudo ou nada, é que afasta as pessoas cada vez mais de sua felicidade, as aproxima da solidão e as fazem prisioneiras de seus medos.
Tanto Her quanto Medianeras, nos mostram de diferentes formas, o resultado da solidão. A falta de esperança na vida, a indiferença com seus próprios sonhos. É um tanto doloroso e visceral ver isto na película, mas são filmes que nos fazem pensar, no real sentido. Estamos vivendo porquê? Pra quem? Há vida em nossas vidas? Ou o sistema operacional Samantha tem mais vida que nós humanos, que temos a alma que ela tanto espera?
Bom, fica aqui minha super indicação por estes filmes tão singelos e originais. Indie até a trilha sonora!
Pam.