24 março 2014

Apenas Deus Perdoa: Ryan Gosling e Nicolas Winding Refn



Em uma tarde chuvosa de domingo, resolvi assistir o novo filme de Refn novamente em parceria com Ryan Gosling. Mas não assistam este filme baseando-se em Drive, pois será sufocado pela expectativa e deixará de ser impactado pela sua ousadia

Apenas Deus perdoa é a história de dois irmãos Billy (Tom Burke) e Julian (Ryan Gosling), ambos a frente de uma acadêmia de boxe tailandês, fachada para um negócio de tráfico de drogas. Billy é um psicopata violento que estupra e mata uma menina, por este ato ele acaba morto. É quando a história começa a desenrolar todos os seus entremeios. A mãe de Billy e Julian, Crystal (Kristin Scott Thomas) arrebatadora no papel, chega à Bangcoc exigindo que Julian vingue a morte do seu irmão. No meio desta trama ainda temos Chang (Vithaya Pansrigarm), um policial misterioso que voltou a ativa para resolver o crime de estupro cometido por Billy, e que é praticamente idolatrado por seus companheiros.




Nesta trama se desenvolve todo um jogo psicológico acompanhado pelo excesso de luzes neon e vermelha, essa forte iluminação seria proposital já que o filme retrata o inferno de Julian, os lugares obscuros que ele passa. Sua dependência a sua mãe e a vontade de provar algo, já que fica evidente que Billy era seu filho preferido. Li em muitos lugares duras críticas com relação a atuação de Gosling, já que neste filme ele está ainda mais taciturno que em Drive. Mas me pareceu totalmente lógico, o ar perdido e sem encontro do personagem. Julian vive um paradoxo do caminho a seguir, o Complexo de Édipo, mostrado na cena em que ele tenta voltar ao ventre, de viver o que sua mãe quer, passando por cima de qualquer valor. Julian não consegue estabelecer relações nem definir seu caminho, tudo que tem é seu transtorno de dependência com sua mãe e seus punhos.

Ao meu ver Refn nos mostra novamente a linha tênue que existe entre a justiça e a vingança, o bem e o mal, o correto e o injusto. Nada é definitivo, entre as duas pontas,sempre existem os vácuos a serem preenchidos. Em todo o filme há elementos subjetivos, que mostram isso. Até na falta de expressão de Gosling, como nos elementos de iluminação e fotografia.Pois os pontos sombrios da mente, são nossos infernos,afinal.

Sou suspeita para criticar o filme, acho que Apenas Deus Perdoa não é um filme comercial, é um filme próprio, a impressão que tenho é que é um tipo de filme feito para si mesmo. Me agrada essa subjetividade, a fotografia e a trilha sonora acompanhando o jogo psicológico e até mesmo a busca pela redenção, a exclusão de valores sociais hipócritas, Julian procurou a redenção todo o filme. E a encontrou no final, em Apenas Deus Perdoa, Julian não foi capaz de perdoar a si mesmo.

Fica a minha dica para assistir esse filme e se deliciar com mais uma ousadia de Refn, Apenas Deus perdoa é que aquele filme que se ama ou odeia, sem meio termo.

Pamella.

Apenas Deus Perdoa (Only God forgives), FRA/Dinamarca, 2013 
Diretor: Nicolas Winding Refn
Elenco: Ryan Gosling, Kristin Scott Thomas, Vithaya Pansringarm, Yayaying Rhatha Pongham, Tom Burke 
Roteiro: Nicolas Winding Refn 
Trilha Sonora: Cliff Martinez 
Duração: 90 min. 

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